terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ciência em trauma


OK, o Busy Signal passeia agora por chão forrado a ouro, céu pertíssimo da nuca. Loaded acrescenta nada para quem o conhece, serve apenas um propósito legítimo: projecção. De repente, milhares de olhos brilham perante uma descoberta que já respira há uns belos tempos. É natural que se pense:

«Ei, chegou a fase em que não mais o veremos em aventuras, antes estranhamente curvado num sofá confortável" ou "Duvido que, quando lhe perguntarem se continuará a surpreender, pisando constantemente a linha vermelha, ele faça mais do que fechar os olhos, apontar os indicadores para trás e dizer "Se é isso que queres, mantém-te na minha obra antiga, está lá tudo."»

Mas não. Basta avaliarmos a ida ao Westwood. Talvez resultasse melhor se houvesse uma caçadeira apontada ao Lloyd para acalmar os seus ânimos e tiques - não vou ser cruel ao ponto de dizer que não quero ouvir falar dele nos 200 anos que se seguem -, mas o que importa é que o Busy é mágico na prestação. Por razão divina, os atropelos e os erros que vai cometendo fortalecem o flow e dão uma cadência fabulosa às melodias. A espontaneidade que transmite é notável quando resolve entrar num jogo de moldagens, colando letras em diferentes riddims. Como se sabe, há um sem-número de artistas no dancehall que vestem a capa do talento sem merecê-la. Fecham-se no estúdio - a sua salvação - e, no momento de subir ao palco, muitas das fraquezas são postas a nu (não são poucas). Mas ele não (eis a honestidade em pessoa); mesmo que as tenha, passam por nós sem nos apercebermos, precisamente por mostrá-las sem pudor (eis a humildade em pessoa). E assim permanecerá.

terça-feira, 22 de julho de 2008

olá fugaz

porque já devia ter mencionado esta pérola aqui. e porque o silêncio não significa que tenhamos esquecido este espaço (pouco tempo/disposição para escrita). enjoy the weather.




terça-feira, 24 de junho de 2008

Pontadas


É pertinente uma peça sobre o funky house nesta altura? É, pois. O funky house é de valor e nasceu na melhor das cidades para fazê-lo. Ao ser de Londres, evita um caminho forçado e previsível, tão comum num circuito maior, de oferta enorme e, por isso, caótica, dispersa entre más referências e a qualidade num esconderijo algures (América, é para ti). Ao invés disso, e talvez por estar ainda de chupeta na boca e a dar os primeiros passos, vai dando sinais através de sets em rádios-piratas, mixes a circular na net, pequenas festas, tudo ao nível da divulgação moderada. É curioso notar-se que, por enquanto, encontrar faixas para download é o cabo dos trabalhos (não contar, é claro, com edits). O entusiasmo, esse, vai crescendo e não em tom de hype. O Skepta, a tirar proveito do jeito, já tem coreografia para a "Bongo Jam", que não cheira tanto a kitsch como outras produções para o Verão. Eu cá fico com vontade de fazer amor quando oiço a Kyla na remistura de Crazy Cousinz. Curioso falar-se no kitsch: parece ser um ponto de partida não intencional. Vendo bem, nada há de novo no funky house. As vozes são de uk garage rasca, os caseiros UKG beats suam com o calor do soca, os cartazes das festas são ridículos, mas parece haver uma vontade enorme de fazer música. A pobreza e a piroseira do estilo são óbvias, mas tem-se prestado culto a isso. E é uma altura preciosa para poder crescer. Com asas.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

topografia citadina

único momento em meses em que wobble não significa auto-fagia, "fuckaz" supera as suas aparentes limitações por fazer convergir entusiasticamente coordenadas que tendencialmente se afastam (apesar da proximidade física...eh). num london zoo em flirt constante com a jamaica pela via dos mc`s presentes (ricky ranking ou tippa irie) e de um carinho especial do the bug pelo dub e dancehall, demarca-se pela sua bem sucedida incursão pelo passado (mais ou menos) recente da electrónica londrina, numa justaposição de referências óbvias mas devidamente alinhavadas para que se evite uma elegia forçada. pontos extra para um surpreendente lite-toasting de spaceape , longe da aura narcótico-profética de memories of the future, mas carregando aquele elemento aggro que devidamente contextualizado (como aqui) destrói com facilidade qualquer argumento a favor da agressividade de freedom of speech. não será seguramente por aqui a via a seguir, mas por ora tem-se revelado bem mais do que a soma das suas partes. tendo em conta a probabilidade de erro desta equação, a sua eficácia é louvável (mesmo que alimentada pelo lado contestatário (potenciador de hype?) da coisa).

sábado, 24 de maio de 2008

São serrilhas


O Skream acordou. Para bem dele e de todos. "Love Don't Come Easily" tem mais de significado intelectual do que musical. Tem mais encanto na forma e no espírito que terá servido de motivação do que no conteúdo. Sem contextualização e sem nos lembrarmos das coisas que ele fez até hoje, não é original, não enriquece, é apenas um conjunto de colagens. O ritmo minimal é típico das produções do Loefah, os subgraves criam a ideia de isolamento para oração mental de que o Kode9 tanto gosta. A surpresa surge concretamente no choque entre a faixa e o passado. Uma pergunta legítima lançada há uns meses num tópico de um fórum: "How come people who hate wobbly dnb seem to love the same shit at 70bpm?". O título era certeiro: "crappy cheesy wobbly dubstep". Os argumentos nos comentários apontavam, não tanto para o caso particular da pergunta, mas para algo genérico: os wobbles criam a sensação de repetição, aborrecem e, depois de muito utilizados, não se distinguem entre si. É um labirinto que começa numa casa de chocolates para cativar. É a morte certa. O Skream percebeu isso. Depois de produções tão inúteis como "Fick", "Kinky" ou "Filth", todas elas segundo a lógica superficial das raves, eis algo sério, interessante. O Martin Clark deve estar feliz. Eu estou.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

pó de laranja

não havia qualquer necessidade disto. quer pela pobreza das rimas e de uma cadência completamente desajustado da voz, quer pelo destinatário desse mesmas rimas (para quê um diss a um rookie como o griminal?), a que não ajuda um riddim que tresanda a fruity loops circa 2003 (o que neste caso não é nada bom). e eu que acho que o tempa t até tem a capacidade de gerar um motim no estoril em noite bassline* deixo-me entorpecer.
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*algo pouco plausível de acontecer, mas que serve os propósitos da imagem a passar.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Motas do sono


É oficial: o Lethal B é o tipo mais ridículo do grime.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

esconderijos subterrâneos

"street soldier" volta a mostrar (como se tal fosse necessário) que a ny é o melhor rebuçado a oferecer como contraponto a um grime tão dado à impenetrabilidade/aspereza. demarcando-se da restante "concorrência" (existe?) pela elegância e doçura com que dialoga com os bad boys do género soa de tal modo natural que todos deviam esquecer que esta senhora existe. split endz é prova disso. aqui, as ruas servem de cenário para um encontro com um doctor extremamente satisfatório no modo "gotta man", por entre apontamentos vocais 2 step de um instrumental em cascata sintetizada do davinche. os "oh" do doctor no refrão de desnecessários poderiam ser mesmo irritantes, não fosse a agridoce prestação da ny (pelo seu pendor algo combativo) eclipsá-los (quase) por completo. kudos pela sensatez.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Sabor a nuvem


O Killer Instinct tem o defeito já comum neste formato: há faixas boas e fraquinhas, exigindo de nós algum sentido de selectividade para equilibrar as coisas. É bom que o Killa P vá editando por duas razões que me parecem óbvias: por ser um óptimo MC e por contar sempre com a presença do Flowdan, que, à falta de mixtapes, vai criando expectativas a seu ritmo. "Gs Up" é um miminho bastante requintado e bem embrulhado (melhor faixa?), "Ganja" não é surpresa nenhuma por já ter vindo no Rules And Regulations, o que não impede, porém, de ter os arranjos de cordas mais consistentes e adequados de que há memória no grime, "Body Bag" é chuva de confettis e "Stage Show" é o melhor riddim do Skepta de sempre (se bem que o Riko soube tirar proveito dele de uma forma mais estimulante no The Truth).

Repito: "Stage Show" é o melhor riddim do Skepta de sempre.

terça-feira, 29 de abril de 2008

saliva

se por um lado são inegáveis as qualidades do durrty goodz como mc, por outro reduzir o valor de axiom ao seu protagonista não é mais do que tentar tapar o sol com a peneira. exemplo paradigmático de como termos como inovação e experimentalismo tanta falta têm feito ao grime, o cuidado/detalhe prestado à produção tratou de fazer do ep a melhor memória de 2007. após um início de ano estranhamente silencioso numa altura em que grande parte das atenções estavam viradas para ele*, aparece agora vinda de nenhures esta concrete streets como cábula que nos relembra que 2008 terá necessariamente de passar por ele. constatação algo óbvia atendendo a um durrty extremamente ginasticado, e de uma das produções mais bizarras de que há memória no género (blackdown). melodias fantasma brincam às escondidas e atinge-se aquilo que de mais próximo se esteve até hoje de um grime (digamos) psicadélico (?).
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*ainda assim, não deixo de ter as minhas dúvidas de que grimewave venha a ser tão essencial como se espera.

hoodies & prada

da colaboração entre o jme e os H2O é viável dizer-se que será a malha com maior probabilidade de vir a fazer companhia a "wearing my rolex" no top britânico. numa suposta (e bem vinda) reaproximação dos thugs de E3 às pistas de dança, melhor que grime meets electro, talvez só mesmo grime meets bassline.

além disso legitima também que espere para famous alguma da hotness de tropical. o que neste contexto só pode ser prenúncio de algo bom.



martelo

durrty goodz - concrete streets / soundboy murderer
trim - soulfood vol. 3
tempa t - par
bashy - kidulthood
killa p - killer instinct
skepta - reign
H2O feat. jme - bassline collaboration (?)
riko - the truth
doctor - rise the temperature
ghetto - freedom of speech
fuda guy - you`ll never
chipmunk - muhammad ali


segunda-feira, 14 de abril de 2008

prova dos nove

apenas três momentos em soulfood vol. 3 me fazem ponderar se irei ouvir algum(a) albúm/mixtape este ano que supere tantas expectativas em torno do novo santo graal do grime*: as presenças do little d (que mesmo assim são incapazes de destruir "full of shit" e "i`ll do me"), um inusitado diss ao flowdan, que acaba por desvirtuar uma óptima produção do brain e dois minutos a mais numa "the bits" que, não padecesse deste hábito algo irritante seria mais valiosa do que freedom of speech na sua totalidade. está longe de ser mau, apenas me parece impossível ouvir tanta descarga de violência gratuita (e o ghetto próximo da apoplexia) durante cerca de uma hora. mas todos parecem estar muito satisfeitos, por isso o problema será certamente meu**.

*a não ser que born blessed seja mesmo lançado

**qual a necessidade de um spoken word lo-fi anexado a "the mountain", que é a par de "darkside freestyle" a melhor malha da mixtape?

imune ao falatório, o enorme killa p lança um killer instinct mais do que satisfatório (o que para as qualidades do mc terá necessariamente de ser mais do que the truth mostrou ser***). apesar dos desnecessários radio rips de qualidade duvidosa, e da pouca novidade contida (grande parte dos temas já eram conhecidos), ter "body bag" (aquilo que tão bem serviu o busy signal torna-se na melhor produção do skepta desde "in a corner"), "ganja", "war with me" ou "on the road" no mesmo disco só pode ser sinal que o lugar numa futura hall of fame do grime está mais do que assegurado.
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***o riko não deixa de ser estimulante, mas não tem a capacidade hercúlea de aguentar consistentemente um álbum duplo.

domingo, 13 de abril de 2008

Chuva em dieta


Letargia no dubstep? Vejamos:

-Há corações fraquinhos a bater por vocoder (num contexto 2-step, soa dolorosamente desajustado);

-Há edições a mais na Hyperdub, indo da comichão que é o 12" da Ikonika ao enjoo digital que é a "Spliff Dub" do Rustie;

-Há, assim muito discretamente, uma estagnação de lançamentos, o que obriga o mercado a apostar em reedições de faixas com "darkstep" cravado a lâmina no peito (o EP do El B, por exemplo).

Esperança? Alguma:

-TRG, "Broken Heart (Martyn Remix)"

-As edições da Deep Medi Musik, que continuam a ser a minha escolha para acompanhar a minha prática de Zazen.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

sapatilhas

após uma espera demasiado demorada, o segundo número da woofah acabou finalmente por sair. a comprar (podendo).

quarta-feira, 2 de abril de 2008

cadeira de verga

"dark" poderia também ser chamada de "in a corner pt. 2", sequela não tão má quanto o desastre renny harlin para die hard 2, mas longe de "switching songs pt. 2". está (quase) para "in a corner" como "rolex sweep" para a malha mais potenciadora de hype desde quê? "oi"? (passe o exagero óbvio). não deixa de ser um reciclar natural no skepta, e felizmente já não força constantemente o flow da "single". substitui momentaneamente as linhas sobre o merchandising da bbk pela tónica dos drive by shootings e conquista de território e consegue soar mais convincente do que em "king of grime". meramente agradável mas sempre acalma a discussão em torno da capacidade de microphone champion calar todos os haters (pós-greatest hits) mais interessados na sua colecção de chapéus.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Denúncias


A Suavidade já tem um espaço na RUC. Terça-feira às 13h. Não tão belo como o marfim das morsas, mas, ainda assim, elegante.

sexta-feira, 28 de março de 2008

hipérbole

a tendência generalizada para os cerca de cinco minutos de duração de todas as malhas de dubstep, leva inevitavelmente a que óptima(s) ideia(s) se tornem em papel de parede de bom gosto. se tal pode ser "necessário" para que se atinga a envolvência desejada, a mera repetição de (boas) matrizes (que por vezes não passam de simples coordenadas) conduz inevitavelmente à auto-fagia. é por isso que gosto tanto de coisas como a "night" e me aborreço facilmente com a "fear" do applebim. o eternamente adiado disco do benga também padece desta maleita, e a "forgive" do mala, no alto dos seus seis minutos e trinta é o paradoxo.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Salinas


A presença do Wiley e do Skepta no último BBC1 Extra foi, seguramente, a maior projecção do grime naquele país (este episódio? médio). É natural que se pense isto, dado o propósito da circunstância, mas não foi assim tão linear. Bom, escolheram um mini-alinhamento mais do que óbvio, começando na "Gangsters" e acabando na "Wearing My Rolex", o melhor doce (catchy) a aparecer nestes primeiros meses do ano. Mas resolveram ir também pelo caminho do showbiz, adicionando um número ridículo de dança à "Rolex Sweep", faixa cujo fim me parece ser não mais do que esse. O resultado? Isto. Até o Jammer se deixou levar. "DO THE ROLEX SWEEP" poderá ser o ingénuo destino da credibilidade do grime. Para os que estão por fora, é mais uma efeméride que entretém; para os que se interessam, é uma forte chapada na tromba.

domingo, 23 de março de 2008

aritmético

a intro mais óbvia (e despropositada) de sempre e "leader of the new school" não são os melhores 4 minutos para começar simply the best vol. 2. redime-se momentâneamente nas cinco/seis faixas seguintes, mas deixando-se cair logo em seguida no hip-hop rotineiro das suas últimas produções*. nada de particularmente ofensivo, apenas desesperadamente mediano (até porque scorcher mostra ser um mc bastante estimulante actualmente). "concrete jungle" e "school of the hardknocks" conseguem ser bem mais interessantes do que toda a restante produção, através do seu despojamento sincero a exalar uma descontração salutar (com scorcher consonantemente divertido), que apesar de ser a tónica dominante ao longo da mixtape creio nunca atingir os mesmos níveis de euforia. infelizmente não o suficiente para que tenha vontade de a ouvir mais vezes ou mesmo até ao fim (ainda não fui além da faixa 17 e possivelmente nunca acontecerá).

* quebrando a (cada vez mais) típica promessa do "regresso" ao verdadeiro som do grime**

**freedom of speech insituía esse mesmo discurso (principalmente depois de toda a polémica pós ghetto gospel) e é-lhe fiel durante grande parte do tempo, mas os resultados ficaram aquém do esperado.

sexta-feira, 14 de março de 2008

gente de corpete

inexplicavelmente, a lauren mason tem sido um erro de casting demasiado frequente. a manter-se a tendência vai ser difícil não lhe criar ódio. "leader of the new school" podia ser bem melhor por essa mesma razão.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Camisas


Achei por bem falar sobre o meu novo ódio pessoal: o Crazy D. Não é bem ódio, é mais uma tendência perpétua para evitá-lo ao máximo. O toasting é, seguramente, a coisa mais difícil do mundo. Exige muita espontaneidade, óptimos reflexos às escolhas do selector e, sobretudo, um isolamento face a lugares-comuns e repetições. É necessário estar-se enquadrado no género. E isto não acontece no caso dele. É demasiado eufórico, palrador (papagaio) e dispersa-se constantemente (freestyles por cima de produções do Loefah são, no mínimo, anedóticos). É presença habitual na Kiss FM mas ainda ninguém se arriscou a declarar a pobreza de espírito dele. Do lado inverso, o Sgt. Pokes respira inspiração divina. Inova e sabe ser oportuno. A assimetria entre eles é clara aqui. Quer-se paz.

quarta-feira, 5 de março de 2008

midas debaixo de água

como já tinha sido abordado anteriormente aqui, existe uma tendência para os produtores de dubstep verem as suas produções credibilizadas pelo carisma das vocalizações. "earth a run red" do coki é mais um exemplo de como um original lentíssimo (=dormente) que teima em aproveitar mal a vocalização do original de richie spice, se pode adulterar ao ponto de atingir bons resultados de modo a servir os propósitos dos mcs presentes. na versão com o flowdan e o brazen, nocturnal reconhece tudo aquilo que falhou na original do coki recriando o tema de modo a que as vocalizações o transportem a patamares bem mais elevados. se brazen consegue ser meramente competente, já flowdan parece ter o condão de transformar em ouro tudo aquilo em que toca. "nightlife" é tão somente uma das três melhores malhas dos últimos meses, e a sua inclusão na sua (futura) mixtape é motivo mais que suficiente para a aguardar com alguma expectativa.

props para o fábio e o diogo

Olhos de campo


Acredito que a "Forever" do Conquest faça chorar pessoas sem coração. Tem um semi-crescendo épico que nos obriga a olhar para trás e, lá mais para o meio, fechar os olhos e levitar. É este sentido de transgressão que se sempre quis no dubstep, legimitado continuamente por diversos produtores, mas que parece querer reverter para o primado rave a que o wooble agressivo obriga. A meditação nos subgraves está a ter o seu devido crescimento, mas talvez vá ter vertigens. Divergências dentro de um estilo são saudáveis num sentido de originalidade, mas também podem oferecer labirintos a quem o aprecia. Ninguém quer isso.

segunda-feira, 3 de março de 2008

coclea

tinchy stryder - cloud 9
ghetto - the mountain
wiley - wearing my rolex / i`m going out
dexplicit ft. gemma fox - might be (2008 remix)
doctor - come down (badman ting)
badness - the lava continues
ny - these streets
flowdan - night life
trim - soulfood vol. 3 promo
ruff sqwad - ruff sqwad man dem
newham generals - move to the beat

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

olimpo

"unsigned hype" e "the mountain" fazem com que finalmente seja pertinente o entusiasmo algo desemedido em antecipação a freedom of speech. a primeira faz-se valer de melodias miniatura dispostas em camadas sobre uma batida que tresanda a 2004, mas é a segunda que carrega em si o grande peso das expectativas, com a cada vez mais viável aproximação do grime ao 4/4 da bassline a servir de contexto para uma ferocidade vocal tão incisiva que chega próximo de estados eplilépticos (se me permitem a sinestesia). para refrear os ânimos chega-nos também esta "how is it" a incidir novamente na toada hip hop de ghetto gospel, com resultados desastrosos por entre uma afectação melodramática muito enjoativa da parte de ghetto e inusitadas vozes femininas que se poderiam quase apelidar de new age. com as edições de soulfood vol. 3 e born blessed cada vez mais próximas e coisas como "wearing my rolex" e "i`m going out" a fazerem prever um grimewave bem mais estimulante do que aquilo que foi dado a mostrar em umbrella vol. 1, este primeiro trimestre de 2008 promete um verdadeiro confronto de titãs.

somália

se aqui já tinha referido a falta que se sente de uma maior promiscuidade entre a música jamaicana e o grime, o que se torna algo estranho se tivermos em conta a influência divina que esta teve sobre grande parte da música electrónica e alguns movimentos mais transgressores ingleses (a brixton do post-punk ou o trip hop de bristol), também nunca pensei que esta soasse tão bem submersa no tantas vezes sofrível autotune da voz. "from day" do double s ou "burn dem" de badness (um dos poucos nomes devotos ao legado jamaicano) são exemplos recentes de como este efeito pode atingir belos resultados, mas é "calm down" de doctor que atinge o zénite. a produção de cotti alicerça-se numa batida reggae-lite adensada às custas de diversos layers de percussão, compensando a ausência de linhas melódicas com o tenso serpentear do wooble de baixo. o refrão chega mesmo a atingir um encantamento agri-doce para se deixar habitar no cérebro e toda a vocalização de doctor se coadjuna com a ligeireza aparente de uma tema que atinge proporções épicas sem para isso recorrer a artifícios pomposos e vazios de conteúdo. o melhor exemplo de como a cadência do dub pode servir tão bem os propósitos do grime desde "xtra" dos ruff sqwad é capaz de ser o maior elogio que posso lhe posso fazer.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

henry VIII

depois de uma exasperante (e quase épica) espera por greatest hits, skepta parece agora compensar o silêncio e em consonância com a enorme actividade que o género tem experenciado nos últimos meses, prepara já o lançamento de microphone champion. "king of grime" é pela sua expressividade um statement algo difícil de contornar quando é essa a primeira mostra daquilo que se pode esperar do álbum. não sendo certamente uma verdade absoluta, alinha-se facilmente naquele que é a par de uma certa obsessão por facas (scorcher era particularmente devoto a esta temática), o combustível para muito do lirismo do grime. o tradicional umbigismo/arrogância foi desde sempre uma das características mais marcantes do género, e é justo reconhecer que skepta será ainda um dos nomes mais credíveis para acarretar tal título, mas em abono da verdade, "king of grime" está longe de ser demonstrativo disso mesmo. à estrutura musical demasiado presa aos motivos que fizeram coisas como "single" verdadeiros hinos, o jovem adenuga volta a fazer-se valer da cadência groovy que o tornou num grande mc, mas desprovido do entusiasmo ou urgência que um refrão tão directo pedia, caindo facilmente na rotineira auto-citação. Não será por aqui que skepta encontrará o caminho para o trono.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Pétalas de luz


O espaço recentemente criado para o Prancehall no website da Fader tem sido uma espécie de compota no que ao grime, bassline e 4x4 diz respeito. O quarto texto foi posto online há poucas horas e merece o devido destaque. Fala-se sobre o progressivo aparecimento de malta jovem no grime, 99,8% dela apadrinhada pelo Wiley, que oferece um corpo mais robusto e atractivo ao género. "From Day" do Double S, por exemplo, é um murro forte no crânio que desvia a atenção de um beat profundamente ridículo e aborrecido. A alusão que se faz ao Dizzee na atitude do Ice Kid é o facto mais pertinente do todo, tanto no niilismo como no sufoco que o flow dos dois constantemente provoca. Poder aos putos.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

o carnaval é ridículo?

com a recente tendência para a reaproximação do grime às pistas de dança (muito pela via bassline) seria algo inevitável (embora não deixe de ser curioso) a reciclagem da linha melódica de "flat beat", principalmente numa altura em que é cada vez mais palpável um certo revival dos anos 90. "i wanna hear you say (fire fire)" pelos fire camp é o caso em questão com a sua algo idiota apropriação de tão viciante linha. algo que não se pode dizer deste tema, que apesar de um algo irresístivel apelo festivo não merece mais do que uma ou duas escutas. lethal bizzle continua a ser um elemento extremamente irritante e apesar dum esforço colectivo por instaurar um sentimento de folia, os resultados não deixam de ser constrangedores quando comparados com hinos como "no" ou "forward 2". talvez num ambiente de pista devidamente alcoolizado o efeito funcione no entanto.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Uns



Ainda não sei o que penso sobre isto.

Queijo da terra


Cloud 9 do Tinchy Stryder é uma óptima surpresa para quem teria achado que, depois de Axiom EP do Durrty Goodz, nada mais seria feito no que diz respeito a evoluções dentro do estilo. É um EP épico ("Full Effect" como entrada é de génio), com um equilíbrio espantoso e um Tinchy a personificar o Deus Todo-Poderoso. Há o hino "Sorry U Are" a meias com o Chipmunk (fabuloso), que, a princípio, talvez se julgasse apenas um puto que devora algodão doce e faz um freestyle ou outro com uns beats produzidos na Playstation.

Os arranjos de cordas do grime deviam tornar-se uma das Jóias do Budismo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

mentiras a lápis

contrariamente ao que tinha escrito recentemente aqui o regresso do president t em formato mixtape de nome "back inna my face" (que ainda não ouvi) foi feito na passada terça feira, e pode ser descarregada* gratuitamente no seu myspace

*as minhas desculpas pelo uso desta palavra horrível

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Pêras


"Mozart 3000" do Cotti com o Kromestar vem constatar um facto: a ansiedade de querer editar mais e novas coisas torna-se um acto pobre em inspiração. É preciso parar. De vez em quando. O Cotti, por um lado, tem mãos de fada na produção de riddims ("Dem Fi Know" com o Murkle Man e "Calm Down (Badman Ting)" com o Doctor são exemplos de divindade suprema e intocável), mas, no que toca ao dubstep, destaca-se um conjunto simbólico de quebras que o limita; o Kromestar, por outro, é sabichão no que toca às raízes do dub, mas é demasiado impulsivo no que edita. Há coisas que não deviam passar de dubplates ou do computador e, se o Kromestar já o fazia, o Cotti passa a ser característico por isso. É um erro pesado, mas que facilmente se evita. Espero.

"It's Yours" do Loefah foi reeditado, 12" com um único lado que já tinha sido lançado como promo. Remix de um tema titânico do T La Rock com o Jazzy Jay que é fiel à linha minimal do beat original, mas com o acrescento de um wobble monstruoso. A Boomkat prefere dizer: "Fuck me, this is so heavy".

31 de janeiro de 1984

depois do anúncio de lançamento de uma mixtape no início do ano de 2007, e consequente silêncio sabático a que se remeteu, president t regressa com um pobre vídeo de amadorismo caseiro em devoção ao tuning envolto nas manobras de marketing da boy better know (que parece actualmente mais interessada em vender t-shirts), e com presença "regular" no programa de logan sama. pelo que se pode ler no myspace, está efectivamente uma mixtape a caminho (março) em formato digital e gratuito, mas por enquanto, "a day in the life" relembra-nos a razão pela qual a sua ausência foi tão sentida ao longo do ano transacto. o seu fraseado único típicamente quebrado é aqui bem apoiado por um instrumental, que se por um lado mantém todas as premissas do grime, inclusive na sobreposição de 2 linhas de sintetizador idênticas mas em tonalidades diferentes, consegue ainda assim fugir ao hermetismo que a poderia atrofiar coadjuvando-se na perfeição com o prez.

domingo, 27 de janeiro de 2008

nervo na rua

goldielocks tenta nova aproximação ao grime desta feita com um cameo de frisco. infelizmente os resultados estão longes do nível atingido em "stereotypes". muito por culpa da afectação electro-desinteressada da própria em simulação cínica e a almejar a apatia (o que até consegue pelas piores razões), sobre um instrumental denso onde seria premente um pendor mais combativo nas vocalizações (a la warrior princess...talvez). se a pequena participação de frisco acaba por lhe conferir alguma dignidade, o refrão chega mesmo a ser insuportável.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

draft

se, por um lado a grande actividade que o grime sentiu ao longo de 2007, foi necessária (e consequentemente benéfica) para que o género não adormeça, por outro aumentou também proporcionalmente o número de mc`s e produtores que, apesar do desenvolvimento notório ao longo do passado ano estão ainda bem longe da desejada personalidade, que poderia justificar os elogios algo entusiastas que parecem receber. a "eterna" demanda pelo novo dizzee, qual ressurreição de cristo (e consequentemente do género na opinião de algumas mentes algo precipitadas) tornou o amadurecimento de vozes mais jovens (e menos dotadas) nada coadjuvantes com o tempo (sua essência) que este demora a atingir. parece que as lições a reter com o (flop) lethal bizzle não foram bem apreendidas pelas mãos inflamadas dos inúmeros bloggers e forenses dedicados ao assunto*. ao longo do ano transacto nomes como chipmunk, griminal, joker, young dot (aka dot rotten), ou maniac foram acariciados/odiados numa escala de tal forma exacerbada que as expectativas em relação a qualquer edição futura acabam por tão altas que não haveria maneira de contornar a óbvia desilusão (o entusiasmo parece padecer de contágio). a culpa acaba inevitavelmente por cair nos ombros dos próprios artistas, na medida em que a proliferidade com que pautam o seu trabalho (é de louvar a auto-edição em formato gratuito) é demasiada para que seja minimamente justificável.

com 3 mixtapes editadas, chipmunk parece ser o nome onde recaiem os maiores focos de atenção, a última "leage of my own" é demonstrativa da evolução que o menino (16 anos) tem tido, no entanto, exceptuando umas 5 ou 6 faixas mais fortes ("fire alie" é amor), falta ainda a chipmunk a consistência necessária para que possa arriscar um pouco mais, sem que soe minimamente forçado. no campo da produção maniac tem sido regularmente consistente, apadrinhando alguns hinos pelo caminho ("sorry u are", "duppy maker" ou "bow e3"), enquanto bless beats revela ainda ser demasiado derivativo. reunindo as duas facetas young dot revela-se para já o nome mais apto a marcar 2008, graças a uma muito recomendável (e surpreendentemente coerente) mixtape (de download gratuito) de nome "this is the beggining" que lhe valeu palavras elogiosas na coluna de martin clark na influente pitchfork.

já editadas este ano, as mixtapes de frisco e griminal granjearam-lhes alguma atenção/discussão nos meios mais dados ao grime. para "peng food", frisco (que não é propriamente um novato) faz-se rodear de grande parte dos seus contemporâneos (chipmunk, double s, et al), numa manobra que acaba por ser demonstrativa dos pontos onde estes newcomers falham. frisco demonstra mesmo assim uma maior desenvoltura que grande parte dos seus pares presentes (exceptuando como é óbvio o enorme killa p), num todo de produção regra geral eficaz, mas demasiado presa a motivos eski simplistas, apesar da presença de alguém tão influente como wiley. mesmo assim temas como "lyrical skeng", "smile for the camera" ou "dem never know" (vale mais pelo killa p) ainda conseguem trespassar algum entusiasmo para além da mediania. "dance", "mayhem freestyle", "it`s alot" e "not just bars" são o que de essencial se pode encontrar na desconjuntada "it`s not just bars" de griminal, perdidas por entre desajustados rips de rádio (onde se mostrou "em batalha" muito superior a chipmunk) e momentos inconsequentes como "number 13 freestyle". sem nenhum profissionalismo envolvido e de uma incoerência desarmante, a mixtape vale essencialmente como uma mostra (feita apressadamente mas de distribuição gratuita) do valor de griminal, que por esta altura parece destinado a ter alguma merecida relevância ao longo deste ano. mais do que uma simples linha a mencionar os nomes de black da ripper, cookie, brutal, lee brasco, macksta, double s e danny b é (por agora) pura perda de tempo.

*a presença regular no NME foi suficiente para muitos legitimarem o seu criticismo

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

...

tendo em conta a generalização que o lançamento de mixtapes (muitas vezes sem o mínimo de coerência) tem vindo a sofrer durante os últimos tempos, torna-se exasperante a "negligência" de membros do cada vez mais mutável colectivo roll deep. a ausência de edições de flowdan, riko ou (do colaborador habitual) tempa t em nome próprio tem sido colmatada com colaborações memoráveis e presença regular em sessões de rádio de cariz essencialmente guerrilheiro, no entanto, torna-se fundamental uma recolha de material seleccionado, em nome próprio como forma de compreender alguns dos momentos mais vitais na revitalização que este tem vindo a sentir nos últimos dois anos. em tempos recentes, a "guerra" entre flowdan e o ex-roll deep trim (embora o myspace da crew não confirme tal facto) ou a participação vocal de tempa t na nasa stageshow megamix de logan sama, têm sido demonstrativas da importância que estas vozes adquirem como pedras basilares das fundações daquilo a que se convencionou chamar de grime (sem discurso do tipo real shit) até porque foi nos estúdios de nomes como westwood ou logan sama que alguns dos momentos mais marcantes aconteceram (ligação umbilical entre o grime » rádio pirata). fora do éter rádiofónico, momentos brilhantes como as tão bem sucedidas parcerias entre flowdan e the bug ou o regresso ao lado mais combativo e contestatário do género em criações como "are you fucking crazy" ainda se fazem sentir com maior ou menor notoriedade, mas não deixa de ser notória a longa distância que separa coimbra (ou leiria, ou lisboa, etc...) de londres aquando de uma tentativa ridícula, mas necessária, de sumariar aquilo que de melhor se tem vindo a produzir sobre o smog da capital sem cair em mero pretensiosismo, quando documentos tão válidos como estes ainda não foram devidamente contextualizados numa obra que permitisse uma "análise" mais sumária e em última instância...minimamente realista.

numa nota pessoal: a partir de agora todas as minhas resenhas serão desprovidas de desnecessárias reticências.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Mantas e soalhos


Torna-se hábito remisturas reduzirem versões originais a pedacinhos de excremento. Exemplos: "Jah War" de The Bug e transformada pelo Loefah, "Punisher" do Pinch passada a limpo no Fruit Loops pelo Skream, a visão profética do Mala amplificada na "Cay's Crays" de Fat Freddy's Drop e, principalmente, a transcendência na versão do Loefah para a "I" do Skream. São casos do passado, mas a perspectiva tende a manter-se. O Distance pegou na "Far East Assassin" do Goth-Trad e, com um riff que, no original, se torna frágil pela fraqueza rítmica, compõe algo mais corpulento e rendível. Está muito longe das coisas que ele edita (elogio), sufocadas em distorção numa morte anunciada. Vai ser a próxima faixa que vou ouvir em loop quando estiver a voltar para casa, depois de uma noite de tiros, uísque e canasta.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

os maiores saldos

numa manobra cada vez mais usual...e até mesmo louvável (embora não deixe de ser uma manobra de marketing)...no lay vai disponibilizar a partir desta sexta feira (18) uma mixtape de download gratuito em jeito de aperitivo para a "verdadeira" mixtape "no comparisons" a sair em fevereiro...isto se não se derem os habituais e exasperantes adiamentos...estará disponível no myspace da menina...expectativas altas o primeiro lançamento daquela que já intitulei de verdadeira m.i.a....embora as faixas que estão disponíveis para escuta não trespassem o entusiasmo que esperava (o quase silêncio a que se remeteu pós-"run the road" ajuda a que isso aconteça)...seria criminoso deixar de saudar o re-aparecimento da voz feminina mais marcante do grime...ainda assim a aproximação ao hip-hop esquelético em "bars of truth" ou a continuação do veneno de "onorthodox daughter" debaixo de água encetada em "things could get ugly" são razões mais do que suficientes para confirmar que no lay continua a ser uma voz tão estimulante e incisiva como aquela que em 2002 mostrou como a violência vocal poderia dar origem à dança sem artifícios hedonistas e de punho no ar...

numa manobra idêntica...nomes recentes como young dot ou griminal (intitulada "it`s not just bars" já este mês) também disponibilizaram as suas mixtapes para download gratuito...o que para se dar a mostrar me parece bem mais viável do que atirar farpas para nomes "consagrados"...além de permitir acesso mais facilitado a quem não se encontra no epicentro dos acontecimentos...embora tudo isto faça parte daquilo em que se tornou o grime...é bom ver alguém a adoptar as lições de wiley quando este decidiu editar as duas primeiras edições da tunnel vision da mesma forma...

sábado, 12 de janeiro de 2008

versus

aparentemente a escrita de rimas de carácter ofensivo dirigidos a mc`s ainda servem como barómetros da popularidade a que um determinado mc se viu votado...essencialmente tendem a gerar polémica e por conseguinte gerarem exposição ao(s) seu(s) interveniente(s) sendo por isso uma manobra essencial para qualquer newcomer que se preze se dar a mostrar...obviamente que as escolhas recaem sempre nos nomes que atraem para si os focos de maior atenção...ghetto parece ter-se tornado o alvo mais utilizado por outros mc`s..."ghetto gospel" veio dividir as opiniões devido à sua aproximação ao hip hop (a velha história no true grime shit)...no entanto parece ser uma opinião generalizada que ghetto é efectivamente um grande mc...e com as expectativas altas em relação ao projecto "freedom of speech" com smasher and lewi white (a sair no primeiro semestre)...foi uma escolha óbvia para p money fazer o seu statement of intent...algumas destas "batalhas" ainda conseguem resultados dignos de nota (a lendária wiley vs dizzee...por exemplo)...faltam no entanto a p money rimas decentes ou uma habilidade vocal que esconda esta sua falha...além de uma produção rotineira de jendor que não ajuda muito a que se queira ouvir isto mais do que uma vez...espera-se resposta de ghetto (se bem que a probabilidade de passar incólume é grande)...

outro dos mc`s merecedor de atenção em 2007 foi jammer (que também se batalhou com ghetto não curiosamente)...com os seus créditos já firmados no que diz respeito ao seu trabalho como produtor...o murkle man mostrou alguma habilidade rímica e um fraseado estimulante atrás do microfone ao longo do ano passado...com espaço para evolução pode-se vir a tornar num óptimo mc...no entanto falta-lhe ainda a desenvoltura para que se justifique a sua ida para a big dada...principalmente com nomes como trim, durrty goodz ou mesmo ghetto remetidos ao underground (e tem-se sentido a falta de bruza)...a auto-edição ou a escolha de editoras independentes ainda é uma óptima (e necessária) forma do género subsistir (e basta ver a notoriedade que a boy better know tem vindo a atingir)...mas não deixa de ser discutível que quando um nome do grime é "presenteado" com um contrato (e parece já não haver aquela obsessão pós-dizze/kano/lethal b...felizmente) este recaia num nome que embora agradável e até mesmo marcante ("murkle man" é clássico) se confina a uma reciclagem constante das suas própria linhas (skepta também parece cair neste erro ultimamente) e não seja de forma nenhuma um dos maiores obreiros na revitalização do género...espero estar enganado em relação a isto mas aguardo pelo álbum a sair este ano para o confirmar...ou não

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

apontamentos

muito provavelmente será de conhecimento geral...mas apenas hoje me deparei acidentalmente com esta wikipedia do grime...o planeamento e contribuição de elementos do forum da rwd magazine traz-lhe alguma credibilidade...e para um projecto com cerca de 3 meses contém já uma dose de informação bastante decente (a juntar ao facto de ser actualizada com bastante regularidade por agora)...não sendo um retrato extensivo e detalhado não deixa de ser de alguma/bastante utilidade como base de dados (em mutação) do género...e ideal para newcomers certamente...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

arrumações

Acho que está tudo dito no post abaixo...acima de tudo espera-se grande cumplicidade entre os dois "campos"...este blog talvez seja um bom exemplo disso...sem ordem alguns temas e discos marcantes:

discos:
burial - untrue
durrty goodz - axiom ep
v/a - box of dub 2
trim - soulfood vol. 1
joker - kapsized
tinchy stryder - star in the hood
ny - split endz vol. 1

faixas:
durrty goodz - switching songs pt. 2 / license to skill / axiom
skepta - in a corner
t2 - heartbroken
mala - lean forward
joker - grimey princess
cult of the 13th hour - wickedness
dizzee rascal - pussyhole (oldskool) / flex
burial - etched headplate
ruff sqwad ft. maxwell - from a place
chipmunk - fire alie
roll deep - weed man
the bug - jah war / poison dart

props para a "nasa stageshow riddim megamix" (tempa t, jammer, flowdan & killa p, etc...sobre o "stageshow riddim" de skepta) e mixtape "anger is a gift" que podem orientar no mui recomendável prancehall

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Sniff


2007 foi a prova de que o dubstep não acumulou pó após o hype dos anos anteriores e a certeza de que o grime nos saciará como o aquecedor dos nossos quartos. A natureza darwinista ainda prevalece nas nossas vidinhas, daí ser perfeitamente legítimo destacar algumas das faixas que mais marcaram o ano que passou.

As oito mais do grime:

Roll Deep, "Weed Man"
Wiley, "Flyboy"
Cotti, "Erkle Riddem"
Durrty Goodz, "Keep up"
JME, "Missin"
Kano, "Bad Boy"
Tinchy Stryder, "Sorry U Are (feat. Chipmunk)"
Skepta, "In A Corner"

As oito mais do dubstep:

Cotti & Cluekid, "Flashback"
Digital Mystikz, "Thief In Da Night"
Benga, "Emotion"
Distance & Skream, "Political Warfare"
Loefah, "Boilersuit"
Dusk & Blackdown, "The Bits (feat. Trim)"
Peverelist, "Roll With The Punches"
Mala, "Changes"