sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

draft

se, por um lado a grande actividade que o grime sentiu ao longo de 2007, foi necessária (e consequentemente benéfica) para que o género não adormeça, por outro aumentou também proporcionalmente o número de mc`s e produtores que, apesar do desenvolvimento notório ao longo do passado ano estão ainda bem longe da desejada personalidade, que poderia justificar os elogios algo entusiastas que parecem receber. a "eterna" demanda pelo novo dizzee, qual ressurreição de cristo (e consequentemente do género na opinião de algumas mentes algo precipitadas) tornou o amadurecimento de vozes mais jovens (e menos dotadas) nada coadjuvantes com o tempo (sua essência) que este demora a atingir. parece que as lições a reter com o (flop) lethal bizzle não foram bem apreendidas pelas mãos inflamadas dos inúmeros bloggers e forenses dedicados ao assunto*. ao longo do ano transacto nomes como chipmunk, griminal, joker, young dot (aka dot rotten), ou maniac foram acariciados/odiados numa escala de tal forma exacerbada que as expectativas em relação a qualquer edição futura acabam por tão altas que não haveria maneira de contornar a óbvia desilusão (o entusiasmo parece padecer de contágio). a culpa acaba inevitavelmente por cair nos ombros dos próprios artistas, na medida em que a proliferidade com que pautam o seu trabalho (é de louvar a auto-edição em formato gratuito) é demasiada para que seja minimamente justificável.

com 3 mixtapes editadas, chipmunk parece ser o nome onde recaiem os maiores focos de atenção, a última "leage of my own" é demonstrativa da evolução que o menino (16 anos) tem tido, no entanto, exceptuando umas 5 ou 6 faixas mais fortes ("fire alie" é amor), falta ainda a chipmunk a consistência necessária para que possa arriscar um pouco mais, sem que soe minimamente forçado. no campo da produção maniac tem sido regularmente consistente, apadrinhando alguns hinos pelo caminho ("sorry u are", "duppy maker" ou "bow e3"), enquanto bless beats revela ainda ser demasiado derivativo. reunindo as duas facetas young dot revela-se para já o nome mais apto a marcar 2008, graças a uma muito recomendável (e surpreendentemente coerente) mixtape (de download gratuito) de nome "this is the beggining" que lhe valeu palavras elogiosas na coluna de martin clark na influente pitchfork.

já editadas este ano, as mixtapes de frisco e griminal granjearam-lhes alguma atenção/discussão nos meios mais dados ao grime. para "peng food", frisco (que não é propriamente um novato) faz-se rodear de grande parte dos seus contemporâneos (chipmunk, double s, et al), numa manobra que acaba por ser demonstrativa dos pontos onde estes newcomers falham. frisco demonstra mesmo assim uma maior desenvoltura que grande parte dos seus pares presentes (exceptuando como é óbvio o enorme killa p), num todo de produção regra geral eficaz, mas demasiado presa a motivos eski simplistas, apesar da presença de alguém tão influente como wiley. mesmo assim temas como "lyrical skeng", "smile for the camera" ou "dem never know" (vale mais pelo killa p) ainda conseguem trespassar algum entusiasmo para além da mediania. "dance", "mayhem freestyle", "it`s alot" e "not just bars" são o que de essencial se pode encontrar na desconjuntada "it`s not just bars" de griminal, perdidas por entre desajustados rips de rádio (onde se mostrou "em batalha" muito superior a chipmunk) e momentos inconsequentes como "number 13 freestyle". sem nenhum profissionalismo envolvido e de uma incoerência desarmante, a mixtape vale essencialmente como uma mostra (feita apressadamente mas de distribuição gratuita) do valor de griminal, que por esta altura parece destinado a ter alguma merecida relevância ao longo deste ano. mais do que uma simples linha a mencionar os nomes de black da ripper, cookie, brutal, lee brasco, macksta, double s e danny b é (por agora) pura perda de tempo.

*a presença regular no NME foi suficiente para muitos legitimarem o seu criticismo

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