sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

dedos mágicos (?)

skepta em modo auto-referencial num decalque trip-hoppish da enorme "single" não é certamente a melhor entrada em "beg to differ"...especialmente vindo de alguém que teve mão nisto*...durante o resto do álbum (maioritariamente instrumental) plastician procura almejar algo de emocionalmente ressonante (como joker tão bem fez) recorrendo a arranjos pomposos ("symptomatic") e uma faux-nostalgia em modo papel de parede (com direito a orientalismos em "japan") mas o resultado não é mais do que pretensioso e (acima de tudo) desesperadamente mediano..."shallow grave 2006" e "walk in the carpark" acabam por ser mais bem conseguidas na sua aproximação algo tradicionalista à paranóia dubstep mesmo sem que se sinta algo mais do que um certo apreço cool...nada de movimento sexy portanto (infelizmente)

*terceira referência a "tropical" neste espaço

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

invasão de campo

é por momentos brilhantes como este que sinto falta de uma maior promiscuidade entre o dubstep/grime e o dancehall...e me ponho a pensar que além de ter faltado aquele que foi seguramente um dos concertos do ano na casa da música...the bug é seguramente um dos nomes mais visionários para que o subterfúgio não se confine ao hermetismo...2007 foi um ano em pleno para o produtor com "skeng", "poison dart" e acima de tudo esta "jah war" que além de fazer o favor de oferecer um instrumental perfeito para flowdan e as suas deliciosas afectações jamaicanas (toaster via east london)...ainda foi alvo de uma revisão brilhante pelas mãos do cavernoso loefah...


será justo esperar o mesmo nível para 2008?...e porque não um álbum/mixtape de flowdan?...parece ter-se encontrado o parceiro perfeito para que a sua voz sobressaia...

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Nus no tecto


O Durrty Goodz é a pessoa ideal para uma visita guiada à Big Apple. É um dogma a ter em conta.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Baloiço em z


"Sensi Dub", pensada conjuntamente por Cotti e Cluekid, é, talvez, a produção mais polivalente e bizarra de que há memória no dubstep. Sabe-se, à partida, que há um gosto refinado pelo dancehall (Cotti) que pode vir a acasalar com 2-step mais mecânico (Cluekid), mas não se imagina afigurar-se um riddim tão volúvel. Adultera-se, constrói-se o inesperado e, inevitavelmente, confirma-se a raiz do estilo e as matizes que, aos poucos, vai assumindo.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

voz de sofá

com o volume 3 para sair já para janeiro de 2008 (se é que não está já nas ruas como trim tinha prometido no início do ano)...as mixtapes "soulfood" acabaram por ser retratos fidedignos da vontade com que o ex(?) roll deep se quis afirmar como relevante...evitando enverdar por virtualismos desnecessários...trim dignou/ousou provar a sua própria capacidade de subsistir ao longo de toda uma mixtape sem que se instale a dormência algo típica destas incursões "épicas"...até porque tal seria algo óbvio para alguém cujo o discurso exala tanto tédio...subsiste a maneira natural como o faz soar tão estimulante...como mostra de que a sua voz grave e narcótica consegue soar desinteressada sem soar desinteressante e acima de tudo característicamante versatil...até porque no que diz respeito ao modo quase-sonâmbulo como o faz consegue ser bem mais credível do que o kano de "london town" (tarefa não tão árdua como isso)...mérito também para a escolha de instrumentais geralmente lentos que se coadjunam na perfeição com o flow do mc...comparativamente "vol.1" é mais estimulante (mesmo tendo alguns momentos desnecessários) perante a maior apatia generalizada da segunda edição...no entanto para uma surpreendentemente agridoce "sweetboy"...o vol.2 acerca-se da confidencia amarga de "i`m asleep" atingindo resultados igualmente fascinantes...pena algumas escolhas em piloto automático demasiado presas ao eskibeat (particularmente no segundo volume)...e a recusa em reduzir a sua demanda a um "álbum" coerentemente importante...

crescimento natural

pelo que se pode ler aqui..."league of my own" tem tudo para ser a pérola de 2007 que ainda não ouvi..."sorry u are" de tinchy stryder já tinha deixado boas impressões de alguém que para os seus 16 anos demonstra já um confiança assinalável...mesmo que não se lhe denote a rispidez habitual para um fraseado tão incisivo...chipmunk contorna essa falta de acidez com uma naturalidade típica de quem sabe as suas limitações...evitando o discurso apoplético mais natural num "veterano"...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

noites álcoolicas

para um género tão enfático na carga vocal...a respiração do grime quase sempre foi assegurada pela capacidade vocal dos mc`s de o estimular...2007 parece ter vindo contrariar esta tendência auto-fágica do género de se remeter ao heavy synth ou à frieza eskibeat...dependentes do maior acervo das vocalizações para subsistir...os últimos ep`s de dexplicit (embora não se possa chamar um produtor grime per se) já indiciavam a revitalização do género transportando-o para a house mais hedonista sem que este perca o seu apego à street life...mas em "kapsize ep" joker marca a sua posição como um dos porta-estandartes na reinvenção do género...repescando o sentido melódico que exalava das primeiras produções de rapid para a ruff sqwad...deixa-se afogar em arranjos refinados sem que estes soem pomposos e pelo meio recupera a dimensão épica de algum dubstep..."grimey princess" é apenas e só a grande faixa das 4 do ep porque a toda a carga dramática/tensa das restantes ("stuck in the system" até convoca arranjos de cordas)...confere-lhe uma nostalgia nocturna de difícil resistência...um borbulhar a servir de linha condutora e pequenos apontamentos a simular melodia transportam a ressaca after-party para casa em candura...nunca tinha pensado muito no grime desta maneira...

(e "tropical" continua a ser o melhor instrumental de sempre)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Aquecedor a aço


O Loefah é um tipo cavernoso. Faz parte dos primórdios do género, foi parte responsável pelas festas seminais e, juntamente com o Mala e o Coki, gere a DMZ. Fora isso, é um produtor que muito se afasta dos moldes (considerados) comuns do estilo. Não é o único a fazê-lo, mas ao contrário de dispersões esquizofrénicas típicas de Boxcutter e Vex'd, há um seguimento tóxico, uma linhagem contagiante nas faixas que edita. O caso da "Ruffage" é arquétipo: o baixo estende-se para lá do rudimentar wobble (desculpa lá, Skream), servindo de impulso de uma acidez rítmica. Há muita primitividade nas produções, o que evidencia uma noção melódica transportada para segundo plano; denota-se uma afeição e um cuidado peculiares pela base rítmica, cuja matéria se traduz numa curiosidade de experimentar, por exemplo, padrões tribais (caso da maravilhosa "Truly Dread"). A remistura da "Jah War" de The Bug é maior do que o Deus lá em cima e foi a edição mais recente de um ano de pouca produtividade para ele.

domingo, 2 de dezembro de 2007

leiria > coimbra

cada vez mais o dubstep me parece ser a perfeita drive by music nocturna...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

a verdadeira m.i.a.

para alguém que marcou uma presença tão forte na essencial "run the road, vol. 1" através do fabuloso "unorthodox daughter"...no lay tem andado demasiado desaparecida...a informação escassa na net em seu torno também não ajuda...e numa altura em que apenas recordo a sua colaboração com bumblebeez...sente-se a falta de uma das vozes femininas mais marcantes do movimento..."unorthodox chick" que aparecia no volume 2 de "run the road" não fazia mais do que reciclar "daughter"...no entanto é comum a ambas a urgência do movimento febril e o contágio dançante curiosamente próximo de algum kuduro em versão heavy synth (londres > buraka?)...numa das primeiras incursões do género a abraçar a euforia das pistas de dança sem se desprender do ghetto...numa altura em que algumas da soluções mais inventivas passam por este apelo hedonista...não deixa de ser pertinente lembrar que talvez passe pelo fraseado rápido e incisivo de no lay a melhor companhia para as últimas produções de dexplicit...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

sumo de laranja

mesmo com a aposta em álbuns que incidam na consistência (por oposição à incoerência óbvia de uma mixtape)..."tropical" consegue elevar-se sobre grande parte da produção grime dos últimos anos...o que não deixa de ser curioso num disco fora até do espectro do grime e basicamente instrumental...as pistas deixadas tornam-no essencial como documento do calor dançável que o género pode atingir mas tem (inexplicavelmente) evitado..."sweet mother" em toada africana e "doin` it again" ainda absorvem a vibe...mas não poderia skepta ter aprendido mais com "palm trees" para "greatest hits"?...talvez jme se debruce com maior incidência neste ponto...

Lua Chuvosa


O Untrue de Burial é uma desilusão que não chega a desiludir. É uma desilusão por ser menor em relação ao s/t; não chega a desiludir enquanto conjunto isolado e (bastante) equilibrado de canções. A questão está toda no uso dos samples. No primeiro disco, construía-se ambientes através de peças instrumentais com um toque magistral e etéreo; neste, existe um conjunto de vozes em drone que adornam, dão textura e limam (possíveis) arestas. Para mim, é aí que o disco falha. Os samples criam momentos que, embora momentâneos, aborrecem e a sua repetição satura pelo simples facto de se enquadrarem num instrumental, já por si, básico e estruturalmente linear. Mesmo assim, "Endorphin" (fez-me chorar) e, principalmente, "Untrue" não deixam de ser duas das minhas faixas preferidas deste ano.

domingo, 25 de novembro de 2007

constelação

não é propriamente grime...mas pelo r`n`b de "split endz vol.2" de ny aparecem imensos dos nomes que interessam no género (ghetto, jme ou purple)...ny não tem uma voz particularmente fantástica...mas consegue na sua candura transportar uma languidez muito saudável...em temas regra geral aparentados à balada..."down low" é uma bela oportunidade para escutar a voz de bruza (que infelizmente tem andado algo desaparecido)...mantém o registo mid-tempo que caracteriza o álbum...mas adensa-se à custa de linhas melódicas a almejar o épico e da distorção do baixo sintetizado (crunk)...no refrão ny dispara para as estrelas...como contraste aparece bruza com o seu tom grave e narcótico...calmamente a conduzir o tema até nova entrada do refrão...e tudo isto em menos de 3 minutos...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

sol e medo

depois de uma desinspirada "every next day" por ramadanman abrir as hostes em box of dub 2...o interesse e o espanto instalam-se logo nas duas malhas seguintes...ambas parecem ser demonstrativas das manobras que o dubstep tem encetado como meio de se revitalizar...em "step to it" de pinch com a participação vocal de rudey lee...abraça-se a herança directa do 2-step (vide o último de burial) com contornos do dub mais luminoso e essencialmente vocalizado (reggae-lite)...curiosa experiência como aproximação ao formato canção de contornos nostálgicos com a hotness tropical que o género tem essencialmente evitado...do qual não sei bem se gosto..."wickedness" de cult of the 13th hour é auto-explicativa desde logo no seu título...convocando o sentimento de paranóia que exalava de algo como "memories of the future" de kode 9 & spaceape...mas descartando os sintetizadores grandiosos e o barroquismo que este parecia querer alcançar...parece mover-se em terrenos lamaçentos...adensando-se à custa de sons alienígenas (por isso quase assustadores) e recuperando pelo caminho uma versão suja e tensa do código genético do dub característica de algo como "mezzanine" de massive attack ou mesmo "cargo" dos sofa surfers...na medida em que em todos se sente a suspensão vertiginosa da vida urbana...e dos medos que esta vivência acarreta...e cada vez estamos mais temerosos...julgo...

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

10 em 2007

até agora e em modo aleatório:

skepta - in a corner
benga & coki - night
roll deep - do this thing
cult of the 13th hour - wickedness
tinchy stryder - stereotypes
kano ft. vybz kartel - buss it up
mala - lean forward
dizzee rascal - pussyhole (oldskool)
burial - ghost hardware
durrty goodz - license to skill

Cubos de chá


Como tudo na vida, há coisas que se destacam no meio de outras. Se houve a "Midnight Request Line" em 2005 e a "9 Samurai" em 2006, há a "Thief In Da Night" para rechear este ano. Podia referir antes a "Night", malha enorme que resulta de uma parceria entre os actuais cérebros do dubstep (Benga e Coki), mas falta-lhe, por assim dizer, consistência que chegue para lhe considerar épica. Falta que não se denota em "Thief In Da Night", que, apesar de ser assinada enquanto Digital Mystikz, tem todos os tiques do Coki: o 4/4 em cadência simples e rudimentar, melodia em loop e espaço semi-nulo para pormenores a acrescentar. Não há progressões, fragmentos ligados pelas duas secções habituais do género, e daí sugerir-se a ausência do Mala na produção. Qualidade na simplicidade.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

como sabotar uma boa música ?

se "mr." é muito simplesmente o melhor single de lethal bizzle...não deixa de ser curioso que é o próprio mc quem acaba por ser aquilo que de mais pernicioso a canção tem...em abono da verdade sempre achei o flow dele bastante desinteressante...o que se não era particularmente mau em faixas como "the come up" que se pautavam por ritmos lentos mais aparentados ao usa hip hop e de produção aprimorada...não deixa de ser criminoso numa faixa onde dexplicit lhe oferece um instrumental eski-ridículo (elogio) a atirar para a pista de dança que talvez apenas wiley poderia complementar (valem os pequenos apontamentos vocais deste...sufocados no irritante flow pseudo-festivo de lethal)...o que poderia no lay (ou mesmo crazy d) fazer com algo assim...?

terça-feira, 13 de novembro de 2007

durrty goodz

com o (muito aguardado) "born blessed" com lançamento previsto para o início de 2008...o ep "axiom" editado este ano só faz prever coisas boas...como statement of intent é difícil superar algo como "take back the scene" com coki na produção...durrty chama para si e consequentemente para o real grime e dubstep a atenção...ponte entre dois géneros cuja distância é bem menor do que a que separa east de west london...pelo meio não deixa de apontar o dedo aos lazy mc`s causadores do estado de dormência a que muitos relegam o grime (enquanto prova exactamente o contrário)...em "license to skill" tem o descaramento de vocalizar a eterna melodia de james bond enquanto os sempre bem vindos ringtones e sons de consola se deixam rodear por cordas cinemáticas (o que só faz sentido)...fireworks oferece a durrty quase-arritmias densas para o seu fraseado mais rápido na faixa que dá título ao ep...para no épico (e essencial) "switching songs pt.2" se passear pelas memórias de todo o código genético do grime...mixtape em jeito canção...arrastando consigo o 2-step, drum`n`bass, uk garage, house, hip-hop e who tha fuck pode falar em sonambulismo?

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

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Dubstep e grime. Nada mais.