quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

olimpo

"unsigned hype" e "the mountain" fazem com que finalmente seja pertinente o entusiasmo algo desemedido em antecipação a freedom of speech. a primeira faz-se valer de melodias miniatura dispostas em camadas sobre uma batida que tresanda a 2004, mas é a segunda que carrega em si o grande peso das expectativas, com a cada vez mais viável aproximação do grime ao 4/4 da bassline a servir de contexto para uma ferocidade vocal tão incisiva que chega próximo de estados eplilépticos (se me permitem a sinestesia). para refrear os ânimos chega-nos também esta "how is it" a incidir novamente na toada hip hop de ghetto gospel, com resultados desastrosos por entre uma afectação melodramática muito enjoativa da parte de ghetto e inusitadas vozes femininas que se poderiam quase apelidar de new age. com as edições de soulfood vol. 3 e born blessed cada vez mais próximas e coisas como "wearing my rolex" e "i`m going out" a fazerem prever um grimewave bem mais estimulante do que aquilo que foi dado a mostrar em umbrella vol. 1, este primeiro trimestre de 2008 promete um verdadeiro confronto de titãs.

somália

se aqui já tinha referido a falta que se sente de uma maior promiscuidade entre a música jamaicana e o grime, o que se torna algo estranho se tivermos em conta a influência divina que esta teve sobre grande parte da música electrónica e alguns movimentos mais transgressores ingleses (a brixton do post-punk ou o trip hop de bristol), também nunca pensei que esta soasse tão bem submersa no tantas vezes sofrível autotune da voz. "from day" do double s ou "burn dem" de badness (um dos poucos nomes devotos ao legado jamaicano) são exemplos recentes de como este efeito pode atingir belos resultados, mas é "calm down" de doctor que atinge o zénite. a produção de cotti alicerça-se numa batida reggae-lite adensada às custas de diversos layers de percussão, compensando a ausência de linhas melódicas com o tenso serpentear do wooble de baixo. o refrão chega mesmo a atingir um encantamento agri-doce para se deixar habitar no cérebro e toda a vocalização de doctor se coadjuna com a ligeireza aparente de uma tema que atinge proporções épicas sem para isso recorrer a artifícios pomposos e vazios de conteúdo. o melhor exemplo de como a cadência do dub pode servir tão bem os propósitos do grime desde "xtra" dos ruff sqwad é capaz de ser o maior elogio que posso lhe posso fazer.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

henry VIII

depois de uma exasperante (e quase épica) espera por greatest hits, skepta parece agora compensar o silêncio e em consonância com a enorme actividade que o género tem experenciado nos últimos meses, prepara já o lançamento de microphone champion. "king of grime" é pela sua expressividade um statement algo difícil de contornar quando é essa a primeira mostra daquilo que se pode esperar do álbum. não sendo certamente uma verdade absoluta, alinha-se facilmente naquele que é a par de uma certa obsessão por facas (scorcher era particularmente devoto a esta temática), o combustível para muito do lirismo do grime. o tradicional umbigismo/arrogância foi desde sempre uma das características mais marcantes do género, e é justo reconhecer que skepta será ainda um dos nomes mais credíveis para acarretar tal título, mas em abono da verdade, "king of grime" está longe de ser demonstrativo disso mesmo. à estrutura musical demasiado presa aos motivos que fizeram coisas como "single" verdadeiros hinos, o jovem adenuga volta a fazer-se valer da cadência groovy que o tornou num grande mc, mas desprovido do entusiasmo ou urgência que um refrão tão directo pedia, caindo facilmente na rotineira auto-citação. Não será por aqui que skepta encontrará o caminho para o trono.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Pétalas de luz


O espaço recentemente criado para o Prancehall no website da Fader tem sido uma espécie de compota no que ao grime, bassline e 4x4 diz respeito. O quarto texto foi posto online há poucas horas e merece o devido destaque. Fala-se sobre o progressivo aparecimento de malta jovem no grime, 99,8% dela apadrinhada pelo Wiley, que oferece um corpo mais robusto e atractivo ao género. "From Day" do Double S, por exemplo, é um murro forte no crânio que desvia a atenção de um beat profundamente ridículo e aborrecido. A alusão que se faz ao Dizzee na atitude do Ice Kid é o facto mais pertinente do todo, tanto no niilismo como no sufoco que o flow dos dois constantemente provoca. Poder aos putos.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

o carnaval é ridículo?

com a recente tendência para a reaproximação do grime às pistas de dança (muito pela via bassline) seria algo inevitável (embora não deixe de ser curioso) a reciclagem da linha melódica de "flat beat", principalmente numa altura em que é cada vez mais palpável um certo revival dos anos 90. "i wanna hear you say (fire fire)" pelos fire camp é o caso em questão com a sua algo idiota apropriação de tão viciante linha. algo que não se pode dizer deste tema, que apesar de um algo irresístivel apelo festivo não merece mais do que uma ou duas escutas. lethal bizzle continua a ser um elemento extremamente irritante e apesar dum esforço colectivo por instaurar um sentimento de folia, os resultados não deixam de ser constrangedores quando comparados com hinos como "no" ou "forward 2". talvez num ambiente de pista devidamente alcoolizado o efeito funcione no entanto.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Uns



Ainda não sei o que penso sobre isto.

Queijo da terra


Cloud 9 do Tinchy Stryder é uma óptima surpresa para quem teria achado que, depois de Axiom EP do Durrty Goodz, nada mais seria feito no que diz respeito a evoluções dentro do estilo. É um EP épico ("Full Effect" como entrada é de génio), com um equilíbrio espantoso e um Tinchy a personificar o Deus Todo-Poderoso. Há o hino "Sorry U Are" a meias com o Chipmunk (fabuloso), que, a princípio, talvez se julgasse apenas um puto que devora algodão doce e faz um freestyle ou outro com uns beats produzidos na Playstation.

Os arranjos de cordas do grime deviam tornar-se uma das Jóias do Budismo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

mentiras a lápis

contrariamente ao que tinha escrito recentemente aqui o regresso do president t em formato mixtape de nome "back inna my face" (que ainda não ouvi) foi feito na passada terça feira, e pode ser descarregada* gratuitamente no seu myspace

*as minhas desculpas pelo uso desta palavra horrível