terça-feira, 24 de junho de 2008

Pontadas


É pertinente uma peça sobre o funky house nesta altura? É, pois. O funky house é de valor e nasceu na melhor das cidades para fazê-lo. Ao ser de Londres, evita um caminho forçado e previsível, tão comum num circuito maior, de oferta enorme e, por isso, caótica, dispersa entre más referências e a qualidade num esconderijo algures (América, é para ti). Ao invés disso, e talvez por estar ainda de chupeta na boca e a dar os primeiros passos, vai dando sinais através de sets em rádios-piratas, mixes a circular na net, pequenas festas, tudo ao nível da divulgação moderada. É curioso notar-se que, por enquanto, encontrar faixas para download é o cabo dos trabalhos (não contar, é claro, com edits). O entusiasmo, esse, vai crescendo e não em tom de hype. O Skepta, a tirar proveito do jeito, já tem coreografia para a "Bongo Jam", que não cheira tanto a kitsch como outras produções para o Verão. Eu cá fico com vontade de fazer amor quando oiço a Kyla na remistura de Crazy Cousinz. Curioso falar-se no kitsch: parece ser um ponto de partida não intencional. Vendo bem, nada há de novo no funky house. As vozes são de uk garage rasca, os caseiros UKG beats suam com o calor do soca, os cartazes das festas são ridículos, mas parece haver uma vontade enorme de fazer música. A pobreza e a piroseira do estilo são óbvias, mas tem-se prestado culto a isso. E é uma altura preciosa para poder crescer. Com asas.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

topografia citadina

único momento em meses em que wobble não significa auto-fagia, "fuckaz" supera as suas aparentes limitações por fazer convergir entusiasticamente coordenadas que tendencialmente se afastam (apesar da proximidade física...eh). num london zoo em flirt constante com a jamaica pela via dos mc`s presentes (ricky ranking ou tippa irie) e de um carinho especial do the bug pelo dub e dancehall, demarca-se pela sua bem sucedida incursão pelo passado (mais ou menos) recente da electrónica londrina, numa justaposição de referências óbvias mas devidamente alinhavadas para que se evite uma elegia forçada. pontos extra para um surpreendente lite-toasting de spaceape , longe da aura narcótico-profética de memories of the future, mas carregando aquele elemento aggro que devidamente contextualizado (como aqui) destrói com facilidade qualquer argumento a favor da agressividade de freedom of speech. não será seguramente por aqui a via a seguir, mas por ora tem-se revelado bem mais do que a soma das suas partes. tendo em conta a probabilidade de erro desta equação, a sua eficácia é louvável (mesmo que alimentada pelo lado contestatário (potenciador de hype?) da coisa).