sábado, 24 de maio de 2008

São serrilhas


O Skream acordou. Para bem dele e de todos. "Love Don't Come Easily" tem mais de significado intelectual do que musical. Tem mais encanto na forma e no espírito que terá servido de motivação do que no conteúdo. Sem contextualização e sem nos lembrarmos das coisas que ele fez até hoje, não é original, não enriquece, é apenas um conjunto de colagens. O ritmo minimal é típico das produções do Loefah, os subgraves criam a ideia de isolamento para oração mental de que o Kode9 tanto gosta. A surpresa surge concretamente no choque entre a faixa e o passado. Uma pergunta legítima lançada há uns meses num tópico de um fórum: "How come people who hate wobbly dnb seem to love the same shit at 70bpm?". O título era certeiro: "crappy cheesy wobbly dubstep". Os argumentos nos comentários apontavam, não tanto para o caso particular da pergunta, mas para algo genérico: os wobbles criam a sensação de repetição, aborrecem e, depois de muito utilizados, não se distinguem entre si. É um labirinto que começa numa casa de chocolates para cativar. É a morte certa. O Skream percebeu isso. Depois de produções tão inúteis como "Fick", "Kinky" ou "Filth", todas elas segundo a lógica superficial das raves, eis algo sério, interessante. O Martin Clark deve estar feliz. Eu estou.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

pó de laranja

não havia qualquer necessidade disto. quer pela pobreza das rimas e de uma cadência completamente desajustado da voz, quer pelo destinatário desse mesmas rimas (para quê um diss a um rookie como o griminal?), a que não ajuda um riddim que tresanda a fruity loops circa 2003 (o que neste caso não é nada bom). e eu que acho que o tempa t até tem a capacidade de gerar um motim no estoril em noite bassline* deixo-me entorpecer.
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*algo pouco plausível de acontecer, mas que serve os propósitos da imagem a passar.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Motas do sono


É oficial: o Lethal B é o tipo mais ridículo do grime.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

esconderijos subterrâneos

"street soldier" volta a mostrar (como se tal fosse necessário) que a ny é o melhor rebuçado a oferecer como contraponto a um grime tão dado à impenetrabilidade/aspereza. demarcando-se da restante "concorrência" (existe?) pela elegância e doçura com que dialoga com os bad boys do género soa de tal modo natural que todos deviam esquecer que esta senhora existe. split endz é prova disso. aqui, as ruas servem de cenário para um encontro com um doctor extremamente satisfatório no modo "gotta man", por entre apontamentos vocais 2 step de um instrumental em cascata sintetizada do davinche. os "oh" do doctor no refrão de desnecessários poderiam ser mesmo irritantes, não fosse a agridoce prestação da ny (pelo seu pendor algo combativo) eclipsá-los (quase) por completo. kudos pela sensatez.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Sabor a nuvem


O Killer Instinct tem o defeito já comum neste formato: há faixas boas e fraquinhas, exigindo de nós algum sentido de selectividade para equilibrar as coisas. É bom que o Killa P vá editando por duas razões que me parecem óbvias: por ser um óptimo MC e por contar sempre com a presença do Flowdan, que, à falta de mixtapes, vai criando expectativas a seu ritmo. "Gs Up" é um miminho bastante requintado e bem embrulhado (melhor faixa?), "Ganja" não é surpresa nenhuma por já ter vindo no Rules And Regulations, o que não impede, porém, de ter os arranjos de cordas mais consistentes e adequados de que há memória no grime, "Body Bag" é chuva de confettis e "Stage Show" é o melhor riddim do Skepta de sempre (se bem que o Riko soube tirar proveito dele de uma forma mais estimulante no The Truth).

Repito: "Stage Show" é o melhor riddim do Skepta de sempre.