segunda-feira, 10 de agosto de 2009

amores de verão

contrariamente ao que tinha apontado aqui, “daydreaming” não se trata de uma produção dos crazy cousinz, mas sim de uma das suas metades (paleface). também cedo demais a releguei a mera versão diurna da “do you mind”. catarse vereneante feita de sentimentos nostálgicos, mas descaracterizada. sendo impossível escapar a comparações* e sem deixar de enverdar por essa mesma dicotomia (dia/noite), no entanto, "daydreaming" poderá ser facilmente interpretada como a sequela da melhor malha de 2008. entrando por caminhos ainda mais especulativos, gosto de pensar em "daydreaming" como o dia seguinte a "do you mind". O sábado esperançado (would you like to spend the night?) que dá origem à melancolia domingueira (daydreaming on a sunday afternoon).
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enquanto em "do you mind" a doçura da kyla disfarçava uma certa insegurança sob uma cortina, digamos, predatória como quem simula confiança (do you mind if i take you home tonight?), em "daydreaming" essa mesma voz deixa-se levar naquela apatia tão característica do domingo (daydreaming) sem nunca conseguir esconder o desespero (sun shining and i don`t know what to do). ambas cedem à tensão. essencialmente, "do you mind" alimentava-a com a esperança (if you play it right, you can be my guy) mesmo que subliminarmente esse medo se deixasse transparecer (stay another day entendido como um pedido). "daydreaming" entrega-se às memórias desse mesmo passado (you came to me, now i see the truth was make believe) como barreira à acção. o torpor. sonhar acordado (= lógico).
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construídas em torno de uma catchphrase enquanto premissa (the whole night e on a sunday), instrumental e estruturalmente, ambas parecem corrobar toda esta teoria, com "do you mind" a epitomizar toda essa paixão alienada de final de noite, enfatizada pelos ecos insistentes (enquanto resquício lounge), por oposição à melancolia solarenga que aparece no refrão da "daydreaming" e que a melodia de piano na ponte vem apenas confirmar enquanto tristeza.
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*na verdade, "daydreaming" parece falar sobre o amor enquanto algo inatingível, e não terá nada haver com a sua predecessora. no entanto, a mente (enquanto intérprete de sentimentos) leva às suas próprias contextualizações. gosto de pensar numa/na música como parte integrante da vida. logo, com história...i guess. o meu pedido de desculpas.
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