contrariamente ao que tinha apontado aqui, “daydreaming” não se trata de uma produção dos crazy cousinz, mas sim de uma das suas metades (paleface). também cedo demais a releguei a mera versão diurna da “do you mind”. catarse vereneante feita de sentimentos nostálgicos, mas descaracterizada. sendo impossível escapar a comparações* e sem deixar de enverdar por essa mesma dicotomia (dia/noite), no entanto, "daydreaming" poderá ser facilmente interpretada como a sequela da melhor malha de 2008. entrando por caminhos ainda mais especulativos, gosto de pensar em "daydreaming" como o dia seguinte a "do you mind". O sábado esperançado (would you like to spend the night?) que dá origem à melancolia domingueira (daydreaming on a sunday afternoon).
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enquanto em "do you mind" a doçura da kyla disfarçava uma certa insegurança sob uma cortina, digamos, predatória como quem simula confiança (do you mind if i take you home tonight?), em "daydreaming" essa mesma voz deixa-se levar naquela apatia tão característica do domingo (daydreaming) sem nunca conseguir esconder o desespero (sun shining and i don`t know what to do). ambas cedem à tensão. essencialmente, "do you mind" alimentava-a com a esperança (if you play it right, you can be my guy) mesmo que subliminarmente esse medo se deixasse transparecer (stay another day entendido como um pedido). "daydreaming" entrega-se às memórias desse mesmo passado (you came to me, now i see the truth was make believe) como barreira à acção. o torpor. sonhar acordado (= lógico).
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construídas em torno de uma catchphrase enquanto premissa (the whole night e on a sunday), instrumental e estruturalmente, ambas parecem corrobar toda esta teoria, com "do you mind" a epitomizar toda essa paixão alienada de final de noite, enfatizada pelos ecos insistentes (enquanto resquício lounge), por oposição à melancolia solarenga que aparece no refrão da "daydreaming" e que a melodia de piano na ponte vem apenas confirmar enquanto tristeza.
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*na verdade, "daydreaming" parece falar sobre o amor enquanto algo inatingível, e não terá nada haver com a sua predecessora. no entanto, a mente (enquanto intérprete de sentimentos) leva às suas próprias contextualizações. gosto de pensar numa/na música como parte integrante da vida. logo, com história...i guess. o meu pedido de desculpas.
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