sexta-feira, 28 de março de 2008

hipérbole

a tendência generalizada para os cerca de cinco minutos de duração de todas as malhas de dubstep, leva inevitavelmente a que óptima(s) ideia(s) se tornem em papel de parede de bom gosto. se tal pode ser "necessário" para que se atinga a envolvência desejada, a mera repetição de (boas) matrizes (que por vezes não passam de simples coordenadas) conduz inevitavelmente à auto-fagia. é por isso que gosto tanto de coisas como a "night" e me aborreço facilmente com a "fear" do applebim. o eternamente adiado disco do benga também padece desta maleita, e a "forgive" do mala, no alto dos seus seis minutos e trinta é o paradoxo.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Salinas


A presença do Wiley e do Skepta no último BBC1 Extra foi, seguramente, a maior projecção do grime naquele país (este episódio? médio). É natural que se pense isto, dado o propósito da circunstância, mas não foi assim tão linear. Bom, escolheram um mini-alinhamento mais do que óbvio, começando na "Gangsters" e acabando na "Wearing My Rolex", o melhor doce (catchy) a aparecer nestes primeiros meses do ano. Mas resolveram ir também pelo caminho do showbiz, adicionando um número ridículo de dança à "Rolex Sweep", faixa cujo fim me parece ser não mais do que esse. O resultado? Isto. Até o Jammer se deixou levar. "DO THE ROLEX SWEEP" poderá ser o ingénuo destino da credibilidade do grime. Para os que estão por fora, é mais uma efeméride que entretém; para os que se interessam, é uma forte chapada na tromba.

domingo, 23 de março de 2008

aritmético

a intro mais óbvia (e despropositada) de sempre e "leader of the new school" não são os melhores 4 minutos para começar simply the best vol. 2. redime-se momentâneamente nas cinco/seis faixas seguintes, mas deixando-se cair logo em seguida no hip-hop rotineiro das suas últimas produções*. nada de particularmente ofensivo, apenas desesperadamente mediano (até porque scorcher mostra ser um mc bastante estimulante actualmente). "concrete jungle" e "school of the hardknocks" conseguem ser bem mais interessantes do que toda a restante produção, através do seu despojamento sincero a exalar uma descontração salutar (com scorcher consonantemente divertido), que apesar de ser a tónica dominante ao longo da mixtape creio nunca atingir os mesmos níveis de euforia. infelizmente não o suficiente para que tenha vontade de a ouvir mais vezes ou mesmo até ao fim (ainda não fui além da faixa 17 e possivelmente nunca acontecerá).

* quebrando a (cada vez mais) típica promessa do "regresso" ao verdadeiro som do grime**

**freedom of speech insituía esse mesmo discurso (principalmente depois de toda a polémica pós ghetto gospel) e é-lhe fiel durante grande parte do tempo, mas os resultados ficaram aquém do esperado.

sexta-feira, 14 de março de 2008

gente de corpete

inexplicavelmente, a lauren mason tem sido um erro de casting demasiado frequente. a manter-se a tendência vai ser difícil não lhe criar ódio. "leader of the new school" podia ser bem melhor por essa mesma razão.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Camisas


Achei por bem falar sobre o meu novo ódio pessoal: o Crazy D. Não é bem ódio, é mais uma tendência perpétua para evitá-lo ao máximo. O toasting é, seguramente, a coisa mais difícil do mundo. Exige muita espontaneidade, óptimos reflexos às escolhas do selector e, sobretudo, um isolamento face a lugares-comuns e repetições. É necessário estar-se enquadrado no género. E isto não acontece no caso dele. É demasiado eufórico, palrador (papagaio) e dispersa-se constantemente (freestyles por cima de produções do Loefah são, no mínimo, anedóticos). É presença habitual na Kiss FM mas ainda ninguém se arriscou a declarar a pobreza de espírito dele. Do lado inverso, o Sgt. Pokes respira inspiração divina. Inova e sabe ser oportuno. A assimetria entre eles é clara aqui. Quer-se paz.

quarta-feira, 5 de março de 2008

midas debaixo de água

como já tinha sido abordado anteriormente aqui, existe uma tendência para os produtores de dubstep verem as suas produções credibilizadas pelo carisma das vocalizações. "earth a run red" do coki é mais um exemplo de como um original lentíssimo (=dormente) que teima em aproveitar mal a vocalização do original de richie spice, se pode adulterar ao ponto de atingir bons resultados de modo a servir os propósitos dos mcs presentes. na versão com o flowdan e o brazen, nocturnal reconhece tudo aquilo que falhou na original do coki recriando o tema de modo a que as vocalizações o transportem a patamares bem mais elevados. se brazen consegue ser meramente competente, já flowdan parece ter o condão de transformar em ouro tudo aquilo em que toca. "nightlife" é tão somente uma das três melhores malhas dos últimos meses, e a sua inclusão na sua (futura) mixtape é motivo mais que suficiente para a aguardar com alguma expectativa.

props para o fábio e o diogo

Olhos de campo


Acredito que a "Forever" do Conquest faça chorar pessoas sem coração. Tem um semi-crescendo épico que nos obriga a olhar para trás e, lá mais para o meio, fechar os olhos e levitar. É este sentido de transgressão que se sempre quis no dubstep, legimitado continuamente por diversos produtores, mas que parece querer reverter para o primado rave a que o wooble agressivo obriga. A meditação nos subgraves está a ter o seu devido crescimento, mas talvez vá ter vertigens. Divergências dentro de um estilo são saudáveis num sentido de originalidade, mas também podem oferecer labirintos a quem o aprecia. Ninguém quer isso.

segunda-feira, 3 de março de 2008

coclea

tinchy stryder - cloud 9
ghetto - the mountain
wiley - wearing my rolex / i`m going out
dexplicit ft. gemma fox - might be (2008 remix)
doctor - come down (badman ting)
badness - the lava continues
ny - these streets
flowdan - night life
trim - soulfood vol. 3 promo
ruff sqwad - ruff sqwad man dem
newham generals - move to the beat